Araçatuba, tudo era grande e melhor - Hosanah Spíndola

Antiga rodoviária de Araçatuba - rua 15 de Novembro, esquina com a rua Tupi 
É com muita saudade que me lembro do dia em que desembarquei em Araçatuba. Foi no começo de julho de 1961, que cheguei à antiga rodoviária da rua Quinze de Novembro, esquina com a rua Tupi.

Na época, Araçatuba era uma das maiores cidades do interior paulista. Cognominada “Cidade do asfalto”. Por ser a cidade que mais ruas asfaltadas possuía.

Ao chegar, o que mais me impressionou, foi a quantidade de charretes e bicicletas, era a terceira cidade do Brasil em quantidade de bicicletas. Araçatuba tinha muitos pontos de destaques: cidade do boi e dos boiadeiros.
Vim parar aqui atrás do meu irmão que eu era boiadeiro). Tinha também a maior zona do meretrício do estado, que era o que os peões de boiadeiro mais gostavam.
Araçatuba tinha até um semáforo, um sinaleiro, na esquina da Rua Marechal Deodoro com a Princesa Isabel. Tinha dois prédios muito altos um edifício na Praça Rui Barbosa (Edifício Paiva) e outro na Rua Osvaldo cruz (Edifício Araçatuba) esquina com a Rua Olavo Bilac. Já tinha também três emissoras de rádio e três cinemas. Uma praça central movimentadíssima, nos finais de semana principalmente. 

Automóveis, na época eram poucos, mas Araçatuba se destacava: maior numero de aviões particulares e campos de pousos. Era o município que tinha a maior produção de algodão e amendoim do estado. Maior quantidade de máquinas de benefícios desses produtos. Tinha uma zona rural super-habitada, fortemente cultivada em lavouras de algodão e cereais diversos. Havia até o Banco da Lavoura.

Edifício Arbex e edifício Paiva - Praça Rui Barbosa
A estrada de ferro funcionava a todo vapor. Os trens de passageiros lotados, paravam em todas as estações: Birigui, Guatambu, Araçatuba, Condelândia, Iporangá, Guararapes  e assim por diante. E em todas, embarcava-se e desembarcava-se gente.

Havia a estrada boiadeira, onde é hoje as avenidas Prestes Maia e Ibirapuera, passavam muitas boiadas. Pé de Galinha, fim da Rua do Fico, era um ponto de pouso de boiada. E lá na fazenda onde eu fui morar no Córrego da Divisa, onde tem o pontilhão da linha do trem, era outra pousada.


Araçatuba tinha também o melhor carnaval do interior paulista. A cidade com maior quantidade de praças e jardins. Era uma cidade grande.

Cheguei. E em uma charrete fui para a fazenda, e na zona rural, permaneci por mais de três anos: plantando roças, catando algodão. Só no final do ano de 1964, vim para Araçatuba. De onde nunca mais sai...


* Hosanah Spíndola de Ataídes é professor, escritor, antigo vendedor de livros, membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras. Dois livros publicados

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