Araçatuba é minha cidade. Aqui nasci, mais precisamente, na Vila
Mendonça – área quase central -, mas, naquela época, ainda empoeirada sem o
asfalto a cobrir todas as suas largas ruas.
As lembranças são vívidas do quintal arborizado de minha casa, da vizinhança
amiga, dos colegas e das travessuras tão hilárias e inocentes a se confundir
com as próprias lendas infantis que, ainda hoje, permeiam a minha memória.
Já vai longe o tempo em que passavam, por minha rua, procissões
iluminadas. Os santos e santos em seus andores carregados por fervorosos e
denodados fiéis, pareciam estar, verdadeiramente, presentes, levitando em magia
para o céu estrelado em noites de plenilúnio.
Quantas saudades da capelinha, hoje, Igreja “Bom Jesus da Lapa”,
contrapondo-se, naquela época, aos carnavais que emocionavam, não pelo luxo e
riqueza, embora houvesse algum glamour, mas pela espontaneidade, alegria e
criatividade dos foliões.
Assim como cresci, minha cidade também cresceu, mas ainda trago nas
vísceras os horizontes fecundos deste solo abençoado, berço de saborosos
araçás, frutas das plantas mirtáceas, genuínas da América, que originou o nome
Araçatuba, cidade indicada para promissores investimentos e que se agiganta com
a exuberância de seus arranha-céus sob a luz dial do seu sol fulgurante e em
suas noites de esplendor à luz de estrelas rútilas.
As matas virgens de outrora, habitat de acrobáticos passarinhos
multicores e as tribos de índios Caingangues, deram lugar às plantações
cafeeiras e ao desbravamento prenunciando os sinais do seu fecundo progresso.
Muitos são os motivos para orgulhar-me deste rincão onde nasci:
Araçatuba foi ponto de concentração da tropa noroestina do Movimento
Constitucionalista.
Liderou com galhardia a plantação
nacional algodoeira, tendo ostentado também em seu leito aquiescente, as
plantações canavieiras e a pecuária alvissareira, razão pela qual, foi lhe
atribuído o cognome de “Terra do Boi Gordo”. Foi também cognominada “Cidade do
Asfalto”, por ter sido a pioneira em todo o interior paulista a usufruir do
benefício do asfalto, tão essencial em nossas vidas.
Fulgura assim, decantada essa terra abençoada, que se desponta,
inclusive, nas artes, principalmente através de seus grandes literatos, poetas
e músicos.
Por aqui, as árvores em suas avenidas espraiadas balançam, e, dos
arvoredos, caem pétalas no chão, reluzindo encantamentos ao pôr do sol no
verão.
*Antenor Rosalino é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras
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