Veja Araçatuba - Zuliria Martins Minicucci

Zuliria Martins Minicucci

Abra a cortina do Mapa de São Paulo
E veja Araçatuba brincando com seu colar de araçás...

É a índia morena
Rival de Iracema,
A virgem selvagem
Dos lábios de mel,
Que ao sopro da aragem
Feliz se embala
Na rede suspensa
Dos troncos rugosos
De ramos cheirosos
Do verde docel.

E veja uma tribo de índios astutos Dançando ao compasso de seus maracás...


São fortes guerreiros,
Peritos arqueiros
Caingangues valentes
Que moram na mata.
Com armas nos dentes
Esperam a presa,
Que vem descuidada.
E em pulo certeiro
O bando ligeiro
A presa arrebata...



E veja o tamanho dos gatos peludos
Que pulam no meio desses vegetais...

São gatos com pintas,
São feras famintas
Que a todos enfrentam.
Terror do sertão!
E aqueles que inventam
De ir lá por perto
Bem vezes não voltam.
Os gatos pintados,
Ferozes, malvados,
À espera ali estão...


E veja uma fila de homens de botas,
Abrindo caminhos, deixando sinais...

São os bandeirantes
Que, em terras distantes,
Deixaram amigos,
Deixaram seu lar.
E rente aos perigos
Das matas espessas,
Na vasta planície
Dos araçazeiros
Os aventureiros
Vieram parar

E veja a cidade que os homens de botas Deixaram à margem do lindo Tietê...

Os índios fugiram,
Os gatos sumiram.
Ficou a cidade,
A flor se abriu.
Cheia de vaidade
Da sua beleza,
Do seu esplendor.
É a flor das campinas,
De cores divinas,
Que Deus coloriu.



E veja a beleza de suas planícies
Cobertas de cachos das flores do ipê...

São flores mimosas,
Bonitas, cheirosas,
Que enfeitam os campos
Daquela região.
E entre os encantos
Das verdes campinas
Que somem no além,
Os troncos floridos
Dos ipês coloridos
Cresceram do chão.

E veja o progresso da nova cidade,
Que em tão pouco tempo cresceu, aumentou...

Tem bairros povoados,
Jardins matizados,
Que deixam nos ares
Aroma sutil.
Tem prédios de andares,
Tem praças com fontes,
Tem ruas de asfalto,
Tem tardes amenas,
Tem noites serenas,
Tem céu cor de anil.


E veja a Formosa Avenida Brasília,
Que rico presente a cidade ganhou...

É joia tão rara,
Que não se compara
A sua riqueza
Com outra qualquer.
Tem tanta beleza,
Que a todos atrai
E aos olhos encanta
Como um insinuante,
Gentil, fascinante
Perfil de mulher.

Feche a cortina do mapa de São Paulo
E deixe Araçatuba brincando nas suas mas de asfalto...

Subindo nos prédios
E pulando do alto,
Nadando nas fontes
De luzes de cores.
Correndo nas praças
No meio das flores.
Passeando nos bairros
E nas avenidas.
Descansando à sombra
Das copas floridas.

Alegre festejando o seu aniversário,
Feliz comemorando o seu cinquentenário...

(A autora morou em Araçatuba durante oito anos, onde exerceu as funções de Professora Primária Estadual.
Esta poesia serviu de tema a um desfile realizado nos festejos do cinquentenário de Araçatuba, em 1958.)


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